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Ao som de violinos


foto: Divulgação / www.vanguart.com.br

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Ah, mas tava todo mundo esperando o disco novo do Vanguart! Tudo bem que em 2016 saiu o "Muito Mais Que o Amor Ao Vivo", mas depois do clima de festa desse álbum, queríamos mesmo era saber quando é que esses caras iriam soltar músicas novas. Pois elas finalmente chegaram! "Beijo Estanho", o novo disco da banda, acabou de sair pela Deck.


E pra esse disco, Hélio Flanders (Voz e violão), David Dafré (guitarra), Reginaldo Lincoln (baixo e voz) e Fernanda Kostchak (violino), escalaram Júlio Nganga, o primeiro baixista da banda, para pilotar o piano, o cravo e o Hammond, e Loco Sosa, que para quem tava por aí na década passada, tocava uma bateria quase quase em miniatura no incrível trio paulista Los Pirata, e pra quem é de tempos mais atuais pode encontrá-lo também na banda do programa do Bial.


E o time veio ainda mais forte, pois pode contar com mais colaborações de peso! Rafael Ramos, produtor de alguns dos grandes álbuns de rock dos últimos tempos, e que já tinha feito os dois últimos do grupo, está de volta nesse aqui. E o mestre Wagner Tiso, um dos responsáveis principais pela sonoridade do Clube da Esquina, deu as caras por aqui fazendo o arranjo da faixa "Homem-Deus". O disco foi lançado e em pouco tempo a galera já começou a ir aos shows com as letras na ponta da língua!


E foi sobre o "Beijo Estranho" que bati um papo com a moça que, além de ser uma das pessoas que mais gosta de brigadeiro que eu já tive notícia, também é uma das mais apaixonadas pelo seu instrumento que eu conheço, Fernanda Kostchak!


sustenidoblog - O que vcs estão ouvindo? Existem referências a outros artistas neste disco?


Fernanda - Referências assim plastificadas, não. Inevitavelmente o que ouvimos nos modifica a ponto de nos apropriarmos dessas coisas, mas nunca resulta numa imitação ou sequer uma menção.


sustenidoblog - Como foi a ideia de fazer um disco novo? Foi por saudade de gravar, ou porque vocês já tinham um bom número de canções novas?


Fernanda - Uma banda sempre sente quando esse momento chega, e com a gente foi assim. Era o momento.


sustenidoblog - Como é trabalhar com o Rafael Ramos? Acho que a maior parte dos álbuns que saem pela Deck passam pelas mãos dele (incluindo todos os do Vanguart), o que o faz ter uma agenda apertada, não é?


Fernanda - Trabalhar com Rafael Ramos e a equipe do estúdio Tambor é algo pra se guardar como uma lembrança de um tempo vivido muito intensamente. Eram seções de 14 horas de estúdio muito intensas. Tinha todo tipo de momento, o de focar, o de testar, de viajar, de descontrair, e tudo mais, mas sempre com o Rafael colocando um rumo pra todas as ideias que surgiam. Ele é um cara que sabe ouvir o artista como ninguém, e sabe como falar com o artista tudo que ele precisa ouvir também.


sustenido blog - Qual a relação de vocês com a música "Beijo estranho"? Ela deu nome ao disco, virou a faixa que abre o álbum e ainda foi escolhida como o primeiro single.


Fernanda - Essa vou responder por mim. É uma música que dá vazão para minha estranheza, e isso me seduz. Eu simplesmente amo essa música.


sustenidoblog - O Helio Flanders já disse que essa deve ser a canção mais forte do que a banda já fez. E ela realmente direciona o disco. E vocês ainda tem usado a canção pra encerrar os shows, o que leva a galera a loucura!


Fernanda - Quando o Hélio me mostrou essa música pela primeira vez, eu imediatamente me senti atraída por ela! Queria ouvir mais vezes, queria entender melhor, fiquei apaixonada!


sustenidoblog - E além da "Beijo Estranho", você tem mais alguma música que entrou para a lista das suas mais queridas?


Fernanda - "Eu Preciso De Você" é uma canção extremamente forte pra mim, um texto que me representa absolutamente, e "Pancada Dura" um absurdo alucinante. Mas é difícil eleger, porque, por exemplo, "Quente É O Medo" me fez descobrir um discurso totalmente inusitado pro meu instrumento e por isso sou muito grata a essa canção.


sustenidoblog - De quem foi a ideia de ter o Wagner Tiso no disco? Como foi trabalhar com ele?


Fernanda - Estávamos conversando sobre a possibilidade de termos cordas nesse disco, e que uma das referências era a obra do Tiso, quando Rafael irrompeu o papo dizendo: "É... acho que minha mãe tem o telefone dele...". Aí a coisa ficou grande!


sustenidoblog - Vocês acabaram de lançar o disco e embarcaram em dois shows especiais, um tocando Bob Dylan e outro o Sgt Peppers. Sei que também está rolando um projeto com músicas do Raul Seixas. Muita correria?


Fernanda - Muita! É como mudar de países com fusos horários muito diferentes! Tem que entrar e sair do clima de cada projeto pra poder transmitir, ainda que com unidade, o que cada coisa tem a dizer.


sustenidoblog - Pra terminar, eu queria falar do seu instrumento! O violino não é tão comum na cultura da música pop atual. Temos artistas que usam, mas é difícil termos violinos na linha de frente como temos no Vanguart. Em quem vc se inspira?


Fernanda - O violino pode não ser visto como comum ainda na cultura pop no Brasil, muito embora já existam artistas e bandas que o colocam como instrumento integrante de uma identidade de estilo; tem o Tekoporã, tem a Luê, tem o Gran Bazar, tem o Teatro Mágico. Olha quanta coisa! Isso sem falar na rabeca e na música nordestina, onde um parente direto do violino fez surgir aqui mesmo um estilo, sonoridade e gênero musical único. Não existe nada parecido em nenhum outro lugar do mundo. A música nordestina e sua influência em outras regiões do Brasil, na minha opinião, é a que, em termos folclóricos, melhor representa nosso país.

Fora do Brasil então, nossa, aí é uma infinidade de atuações do violino além do universo clássico.

A minha primeira inspiração, que me despertou para um mundo além das orquestras, foi a música irlandesa. Nela, o violino é um elemento essencial que inclusive caracteriza o estilo. A formação tradicional é uma banda. Conhecer essa formação me deu uma vontade imensa de fazer isso por aqui, só que a coisa foi tomando um rumo que eu não fiquei na música irlandesa propriamente dita, mas já tinha descoberto minha vontade de estar numa banda. À partir daí, comecei a pesquisar tudo que é grupo, pop, rock, folk, tudo que tinha um violino no meio. Hoje minhas influências são inúmeras. Uma das bandas que me situou como ser integrante de uma banda foi Fairport Convention, uma banda dos anos 60 cominfluência folk. Outra foi o Mushroom. Mas artistas como Alison Krauss, Stuart Duncan e Alex Depue também são grandes referências para mim.




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